Fachada da Policlínica Regional de Santo Antônio de Jesus, Bahia

A saúde pública da Bahia pode passar por uma mudança estrutural com impacto direto na eficiência do gasto público e na qualidade do atendimento.

Um projeto desenvolvido pelo especialista em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde, Samuel Silva Souza, com orientação da sanitarista e também especialista Aline de Souza Laranjeira, propõe a centralização, em uma licitação única estadual, dos serviços de manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos de médio e grande porte das 26 Policlínicas Regionais de Saúde.

A centralização é uma estratégia capaz de revolucionar a gestão, aliviar significativamente as finanças públicas e elevar ainda mais o padrão de qualidade dos serviços prestados à população”, afirma Samuel.

Contexto: altos custos e contratos fragmentados

As Policlínicas Regionais de Saúde são um pilar do atendimento ambulatorial no estado, operando equipamentos de alta complexidade como tomógrafos, mamógrafos, aparelhos de raios X e ressonância magnética. A manutenção desse parque tecnológico representa um desafio financeiro expressivo.

Segundo Samuel, em Santo Antônio de Jesus os gastos anuais com manutenção ultrapassam R$ 852 mil. Em todo o estado, a despesa chega a mais de R$ 22 milhões por ano.

Hoje, cada unidade contrata empresas de forma separada, o que reduz o poder de barganha, encarece os preços, dificulta a gestão de contratos e gera assimetrias na qualidade do serviço.

Fachada da Policlínica Regional de Santo Antônio de Jesus, Bahia
Foto: Jadson Barbosa / Click Bahia

O que muda com a licitação única

O projeto propõe que o Governo do Estado conduza uma única licitação para atender, de forma padronizada, todas as Policlínicas. Experiências semelhantes em outras instituições públicas indicam reduções de custo de até 25% na contratação de serviços.

  • Economia em escala: negociação concentrada tende a garantir preços e condições mais vantajosas. A estimativa é de até R$ 4,4 milhões/ano em economia.
  • Gestão mais eficiente: controle central da execução, indicadores padronizados e auditoria de qualidade sob um único guarda-chuva.
  • Maior disponibilidade dos equipamentos: redução do tempo de inatividade e acesso mais ágil e seguro a exames.
  • Sustentabilidade a longo prazo: melhor alocação dos recursos e possibilidade de reinvestimento em tecnologia e infraestrutura.
  • Capacitação e padronização: treinamento de gestores e técnicos e uniformização dos procedimentos das empresas contratadas.

Impacto esperado

Ao concentrar a contratação, o estado amplia sua capacidade de planejamento e fiscalização, reduz riscos de interrupção de serviços e cria um padrão mínimo de desempenho para toda a rede. Para os usuários, o efeito prático esperado é mais disponibilidade de exames e maior previsibilidade no atendimento.

Desafios para implementar

A transição exige coordenação entre a Secretaria da Saúde da Bahia e os consórcios regionais. Unidades com contratos vigentes podem resistir à mudança; por isso, os idealizadores sugerem um plano de transição com cronograma, matriz de responsabilidades, capacitação e suporte técnico.

Com planejamento e governança, a centralização tende a consolidar padrões de qualidade e a reduzir custos. É um passo de modernização com efeitos concretos na ponta”, avalia Aline.

Próximos passos

O projeto será submetido à análise das instâncias competentes do governo estadual. Caso avance, a fase inicial deve incluir mapeamento do parque de equipamentos, definição de SLA e indicadores, plano de manutenção padronizado e modelo de fiscalização com transparência dos dados de desempenho.

Para Samuel, o momento é oportuno: “Agora, cabe às autoridades avaliarem e iniciarem os trâmites. O potencial de economia e de melhoria do atendimento é significativo e pode ser sentido por milhões de baianos”.

Escrito por

Jadson Barbosa

Baiano, Soteropolitano, torcedor do Esporte Clube Bahia, apaixonado pela Bahia, antenado em turismo, tecnologia e redes sociais.