Psicóloga desvenda o que está por trás da ‘Cultura do Cancelamento’
Nunca se falou tanto sobre a ‘Cultura do Cancelamento’ como nos dias de hoje, mas esse sentimento não nasceu com o advento das redes sociais.
A prática é antiga e atravessa décadas. É só você se lembrar das pessoas ao longo da história que sofreram ‘boicotes’ por não seguirem os padrões convencionais ou quebraram os tabus que significam o que uma sociedade espera como comportamento.
Um exemplo disso, em épocas mais remotas, mulheres que tiveram sexo antes do casamento ou que se separaram para assumirem outro relacionamento.
Hoje em dia, com as redes sociais e a interação da sociedade em reality shows, por exemplo, a chamada “cultura do cancelamento” ficou bem mais acentuada.
Na opinião da psicóloga Lala Fonseca, especializada em terapia comportamental cognitiva, estas mulheres eram julgadas e condenadas como mal vistas, indignas de viverem em sociedade, “desta forma eram eliminadas porque se transformaram em uma ameaça contagiosa”.
Para a especialista, quando falamos da cultura do cancelamento estamos nos referindo também ao nosso viés inconsciente. “Quando ‘cancelamos’ uma pessoa isso pode ter a ver com os nossos preconceitos e os nossos julgamentos. E, muitas vezes, perdemos a nossa espontaneidade porque precisamos o tempo todo de um auto policiamento do que falamos e expomos. Muitas vezes uma fala é mal interpretada”, diz Lala.
Na avaliação da terapeuta, atualmente o movimento também é social, mas os índices de egoísmo e do egocentrismo estão maiores. “Isso representa que somos corretos, nossa opinião é a única e não levamos em consideração o outro.
Não cogitamos que o outro pode ter tido uma vida diferente da minha, uma criação diferente e colocou as coisas sob um ponto de vista a ser desenvolvido. Deste modo, convencemos as pessoas, apontamos pontos da ‘nossa verdade’ e chegamos a argumentos que aquela pessoa é falha. Seja porque nossa autoestima é baixa ou mesmo por inveja da outra pessoa”, conclui Lala.